Tomoki
Cidade de Violet, Johto
Quarta-feira, 4 de maio
Era algo bem simples: ela só tinha que jogar a Pokébola. Silver tinha ensinado-a quando estiveram naquela trilha montanhosa entre New Bark, Cherrygrove e Violet, quando foram atacados por aqueles Rocket sem-vergonha. Batalhar e capturar um Pokémon não deveria ser difícil, mas lá estava ela com dificuldade em mirar no Ledyba que havia acabado de incapacitar com sua Igglybuff.
A joaninha não tinha muitas forças para contra-atacar já que o Sing de Igglybuff havia colocado-o para dormir. Por que atirar uma Pokébola era tão difícil assim para ela? Não deveria, todo treinador deveria ser hábil de jogar uma Pokébola e capturar um mero Pokémon, mas por que para ela aquilo era tão difícil?
É por que você é uma princesa, Masako, usa os miolos!
Ela suspirou. Era verdade, ela não havia crescido em um ambiente que esperava que ela se tornasse uma treinadora, mas sim a filha de um príncipe, a esposa de algum nobre, era por isso que ela tinha aulas de etiqueta e de dança, aulas para saber como servir chá para os convidados e fazer arranjos florais. Ela deveria aspirar para um casamento de fachada e sem amor, assim como seus pais e avós. Seu irmão deveria aspirar para o trono. Era para isso que haviam sido criados e educados.
— Vai, Masako, prova para eles que não — disse para si mesma, respirando fundo, ela não podia deixar o Ledyba escapar. — Você vai conseguir! Você tem que ficar forte para resgatar Minoru!
Ela segurou a Pokébola com força nas mãos, apertando-a firme como fazia um jogador de beisebol e com um arremesso em cheio ela mirou na joaninha, ainda dormindo. A esfera abriu-se e capturou o inseto, fechando-se em seguida e sacolejando.
Uma. Duas. Três vezes. Na terceira vez que a Pokébola sacudiu, brilhos saíram. A captura fora um sucesso. Ela correra até a Pokébola e acompanhada por sua Igglybuff e em seguida abriu. A joaninha emergiu da esfera e olhou para sua nova treinadora e bateu suas asinhas e rodeou-a, voando depois até o jardim do Centro Pokémon onde pegou uma flor de uma das árvores e entregou para a garota.
Ela achou o gesto fofo, afinal era um Pokémon polinizador e ela havia conhecido-o assim quando estava no jardim após o café da manhã brincando com sua Igglybuff. A garota pegou a flor e colocou em seu cabelo, o cheiro era adocicado e suave, fazia ela se lembrar de quando ela ficava no parapeito da varanda de seu quarto no internato em Galar e esperava a chuva passar, de lá era possível sentir o cheiro de todo o jardim e suas flores que pareciam se avivar após todo o aguaceiro.
— Agora eu tenho dois Pokémon, eu tenho que mostrar isso para o Tenma e para o Silver! — ela estava com certa empolgação na voz.
Ledyba pousou em suas costas imitando uma mochilinha e lá repousou, enquanto Igglybuff flutuou até os seus braços. Masako seguiu até o Centro Pokémon e foi para os dormitórios na ala masculina e procurou pelo quarto do irmão que estava dividindo com Silver.
Ela já foi entrando no quarto sem bater antes, era sempre assim em casa ou quando estavam no internato. Tenma sempre batia quando era no quarto dela, mas quando era com ela? Ela esquecia seus modos e adentrava o recinto sem esperar por muita coisa vinda de Tenma que muitas vezes poderia estar desenhando, lendo ou estudando.
Assim que ela entrou no quarto do irmão no Centro Pokémon ela percebeu que seu irmão não estava em nenhum lugar o que fez ela estranhar, nem mesmo seu Vulpix estava ali. Seu lado do quarto estava arrumado, sua mochila estava na cadeira da escrivaninha junto com seu notebook, o telefone e os fones de ouvido que ele nunca deixava de lado. Estranho. Será que ele havia saído?
— Está procurando pelo seu irmão? — alguém chega por trás de supetão e a assusta, seu coração quase saltando do peito, mas era apenas Silver.
Ela se virou e viu a figura alta de Silver em meio ao vapor vindo do banheiro do quarto. O rosto da menina instantaneamente enrubesceu ao perceber que o ruivo estava descamisado e gotas de água percorriam seu torso, por sorte ele estava de calças, mas não que aquilo ajudasse muito. Em torno do pescoço estava a toalha úmida e segurando como uma arma nas mãos estava um secador de cabelos.
Escaneando o torso nu de Silver ela percebia muitas cicatrizes, cada uma diferente da outra. Algumas eram arranhões sulcados ou marcas fundas na pele, já outras pareciam mais rentes a derme e com uma tonalidade diferente, havia cortes e golpes que ela nem queria perguntar muito. Para alguém que tinha quinze anos, a idade dela, ele tinha já o corpo de uma pessoa que frequentava academia.
— Sim, viu o… — ela tentou lembrar o nome falso. — Kousei?
— Nah… Eu voltei agora — ele falou. — Eu estava fazendo jogging e treinando um pouco. Por que procura por ele?
— É que eu queria mostrar algo — disse a menina virando de costas. — Eu capturei um Pokémon! Ledyba, dê oi ao Silver!
A joaninha levantou a cabeça e bateu asinhas e rodeou o ruivo que recuou para trás, o seu rosto apresentava uma expressão que Masako nunca tinha antes visto estampada na cara do garoto: medo. Silver havia dado três passos para trás e deixado o secador de cabelos cair, ele foi em seguida ao chão agarrando-se ao seu futon.
— Tira esse bicho daqui! — exclamou em desespero, o rosto dele havia ficado em um vermelho intenso quase da mesma cor que o cabelo. — Agora!
— Ei, não precisa gritar com ele! — bufou Masako. — Ele não ia te atacar! Não é Ledyba?
A joaninha rodeou o ruivo e depois voltou para a sua treinadora. Será que ele estava com medo de que o Ledyba atacasse por que ele veio muito de surpresa? Não. Não devia ser isso…
— E-esquece — gaguejou o garoto ruivo. — Que… que bom que conseguiu capturar um… Um Pokémon. Mas por que justo um tipo Inseto?
Ela não entendia muito de tipagens. Tipo Inseto eram muito fracos?
— Eu não liguei muito para o tipo — fala ela. — Eu achei Ledyba fofinho e ele estava sendo amigável comigo no jardim, então eu considerei capturar ele. Não acha ele fofinho?
O ruivo olhou para a joaninha e engoliu em seco, respondendo em seguida:
— Não… — ele levantou-se do chão, pegando o secador e colocando-o na penteadeira do quarto. — Você deveria treinar Pokémon para serem fortes. Não para serem fofos. Fofura não vai ajudar você salvar seu irmão, isso só vai te deixar mole.
Cabisbaixa, ela olhou para o chão. Minoru precisava ser salvo, realmente, e seus Pokémon precisavam ficar mais fortes, Silver não estava errado, mas não havia nada de errado em querer capturar Pokémon fofos. Pokémon fofos podiam ser sim fortes!
— Não vem com essa cara não, Tomoki — ele falou, antes que qualquer outro pensamento viesse à sua cabeça. — Eu só tô dizendo a verdade. Se quiser encontrar o seu irmão, foque em deixar seus Pokémon fortes. Eles serão o que você vai precisar quando for enfrentar os caras que levaram seu irmão. Você precisa vingá-lo!
Vingá-lo? Isso parecia extremo. Extremo demais até para ela que nunca havia feito nada de radical além de ter pulado de um carro em movimento e cortado o cabelo com uma tesoura. Até onde essa vingança a levaria? Ela decidiu que não era uma pergunta a qual ela queria fazer agora.
— Bem, você pode me ajudar a me tornar forte então — pede ela, sabendo que o garoto não iria recusar, ele era viciado em treinos, como se estivesse codificado em seu DNA àquela altura.
— Não sei se vai aguentar o meu tipo de treinos — falou ele. — É pesado e você, bem… Já praticou algum esporte antes?
— Estive no clube de equitação quando estudei fora em Galar e eu jogava tênis com a minha família… — explicou ela.
— Hã. Equitação é mais um esporte para o Pokémon equino, não para a pessoa — diz Silver, o que não era muito mentira, Mudsdale e Rapidash que galopavam e saltavam, nunca o ginete montado, eles apenas coordenavam os movimentos. — Mas tênis é um esporte bom… Tem que ter certa resistência física se quiser dar uma raquetada na bola e… Eu não sei nada do esporte. Ah, que seja!
— Vai me treinar ou não?
— Tá!
Pierce
Cidade de Violet, Johto
Quarta-feira, 4 de maio
Já era a nona batalha naquele dia. Pierce havia reservado as salas de treinamento no subsolo do Centro Pokémon por três horas e pedido para usar os Pokémon de aluguel para treinar para a Fábrica de Batalha. Ren havia vindo para ajudá-lo, testando-o com perguntas que ele pegara de um livro da biblioteca do Centro enquanto fazia as batalhas contra Pierce fingindo ser um oponente diferente cada vez.
— E esta foi a nona vitória hoje, ufa — arfou Ren que àquela altura estava cansado. — Não quer dar uma pausa não?
— Ah, sei lá, cara… — ele massageou a própria nuca. — Eu tenho medo de não conseguir. Eu ando bem ansioso…
— Cara, eu te conheço basicamente a minha vida toda — Ren se levanta de onde estava sentado na sala de treinamento. — E já te vi em mais partidas de beisebol que me lembro. Até em jogos bem importantes. Nunca te vi tão nervoso assim. O que tá acontecendo, Pierce? Você está tomando os remédios?
— Você se lembra da Caitlin?
Ren assentiu com a cabeça.
— A sua namorada doida que você não vê tem um ano e seis meses? — ele cruza os braços e revira os olhos. — Ela ainda tá nessa de te proibir de querer participar da Batalha da Fronteira? Porra, cara, logo logo ela vai querer raspar sua cabeça. Tô avisando não é de hoje, Pê.
O garoto engoliu em seco e não disse nada. Ren não era o maior fã de Catty e sabia que o relacionamento entre ambos, apesar de ser a distância era um tanto. Hã. Como ele poderia dizer? Complicado?
— Ela quis marcar de me encontrar em um restaurante e ele é caro feito a peste e… — ele coçou a nuca. — Eu sei que a gente está curto da grana, mas ela quer conhecer vocês… Ela anda meio pirada por que eu estou andando com uma garota e…
— A sua mina tá com ciúmes da Lyra? — Ren riu alto. — Cara. Isso é patético. Ela também tem ciúme de mim também, é? E do seu irmão pentelho?
Ele assentiu com a cabeça.
— Não consigo acreditar numa coisa dessa, velho! — exclama Ren. — A sua namorada é idiota e obsessiva. Termina logo com ela antes que você vire estatística!
Ele não comentou nada. Pierce realmente gostava de Catty e estava feliz em poder vê-la depois de um ano e meio, eles tinham começado a namorar quando ele tinha treze e ela por volta dos quatorze quando ela veio para Cherrygrove durante as férias de verão, agora Caitlin tinha dezesseis e Pierce iria completar quinze em julho. Tudo tinha caminhado tão bem até agora.
Ao menos era o que ele queria pensar.
— Eu não vou conseguir mudar a sua mente, não é? — ele massageou as têmporas em resposta ao estresse. — Bem, já que você jogou a bomba que tal eu jogar uma segunda e vamos deixar tudo explodir de uma vez só?
— Tenho medo do que você vai soltar — fala o amigo.
— Se lembra do Min? — pergunta o menino de cabelos fúcsias e Pierce acena com a cabeça. — O do grupo Vərn4l? Eu e ele… Hã… Ele acabou achando um mangá que eu perdi e… E ele quer me conhecer melhor e sair em um date e… Ai, que droga!
— O date é romântico ao menos ou uma coisa de amigos, tipo: ah, vamos sair e tomar um café?
— Acho que o último — Ren estava com as bochechas marcadas pelo vermelhão do rubor. — Ele pegou o mangá e é um boys’ love. Ele disse que tinha gostado e… Eu nunca saí com um menino.
— Você nunca saiu com ninguém! — provoca o amigo, risonho. — Só fica babando por qualquer menino bonito e depois fica amuado num canto por que nunca consegue criar coragem para falar com eles. Só esse ano aconteceu umas — Pierce começou a abaixar dedos. — Seis vezes! Isso se eu incluir o… ugh. O Príncipe Perfeitinho!
Ele referia-se a Aleksey, a quem Pierce detestava desde o segundo fundamental quando eles brigaram por algo que ele não entendia muito bem, mas envolvia um rumor que prejudicou em muito a reputação de Pierce e o fez perder o posto como capitão do time de beisebol por conta da mentira.
Ren corou. Ele sentia algo por Aleks, mas talvez fosse mais uma obsessão por uma celebridade que algo realmente… palpável. O idol era inatingível como uma estrela distante, gente como Ren jamais conseguiria partilhar do mesmo mundo que ele, mas lá estava ele, com a cabeça nos ares por conta de Min que era do mesmo grupo musical e, sinceramente, ele já deveria ter superado Aleks há eras, mas apenas persistia por que… Bem, nem ele sabia, para ser honesto.
— Por que não chama ele para o restaurante com a gente? — sugere o amigo que estava guardando as Pokébolas dos Pokémon alugados na máquina de descanso e dando checkout na sala que haviam reservado. — Se é um date amigável, então não vejo por que ele não vir.
— Verdade — ele se levantou e pegou a mochila. — Acho que chega de falar das nossas situações, não é? Vamos sair logo, eu preciso esticar as pernas!
— Também — fala Pierce. — O primeiro a chegar no primeiro andar paga o jantar do perdedor!
— Ah não! — protestou o outro. — Você é mais rápido que eu com essas pernas compridas!
Tomoki
O treinamento parecia uma coisa quase militarizada, mas daí Masako se lembrava de que Silver havia sido treinado pela Equipe Rocket, então era de se esperar que aquele treinamento fosse mais barra pesada envolvendo troncos e rochas no lugar de equipamentos. Igglybuff e Ledyba tentavam ao máximo acompanhar o ritmo dos demais Pokémon do ruivo, mas parecia pesado demais para eles. Até mesmo a garota estava pingando suor depois de correr por trinta minutos, ela não estava preparada para um treino daqueles.
— Você nunca vai conseguir nada assim se ficar molengando, Tomoki!
— Não… não sou eu que… — ela estava ofegante e a garganta estava seca, ela precisava beber água urgentemente. — Não sou eu que sou uma máquina de matar! Pega leve comigo!
— As pessoas que pegaram seu irmãozinho nunca pegarão leve com você! — ele exclamou.
— Não precisa gritar comigo! — ela devolveu. — Eu não sou você. Eu não fui treinada por um grupo de mafiosos malucos. Não sou eu que sou obcecada com vingança! Eu só quero meu irmão de volta!
Lágrimas se formaram no canto dos seus olhos. Ela estava extremamente frustrada. Ela queria ser forte, mas não queria dizer que ela queria as pessoas que levaram Minoru mortas, ela apenas queria seu irmão de volta em casa são e salvo. Silver arregalou os olhos e soltou um prolongado suspiro, massageando as têmporas e se aproximou dela.
— Tá, foi mal, ugh — ele revirou os olhos. — Peguei pesado com você, mas é por que eu sei o tipo de gente que pode ter pêgo seu irmão e eu quero te ajudar. Você não vai conseguir ser forte se você não tentar, mas acho que fui pelo caminho errado. Vamos tentar outra abordagem. Pode ser?
Ela acenou com a cabeça e secou as lágrimas. Silver, com seus olhos argênteos, olhou para os Pokémon da garota, escaneando Igglybuff e Ledyba como se tentasse deduzir o que era melhor para cada um deles. A expressão dele era séria e pensativa, ele era um estrategista nato, a garota se lembrava como ele usou seu Sneasel à espreita para poder libertarem-os dos cipós de Tangela. Aquilo tinha sido genial, então o que quer que ele fosse fazer talvez fosse igualmente brilhante,
— Já sei, me segue, Tomoki — fala o ruivo.
Os dois adolescentes se embrenharam naquela mata nos limites de Violet e vão até uma clareira próxima à uma colina e um regato que corria entre umas rochas, mas quando chegaram lá parecia que já havia gente: dois meninos da mesma idade que a deles.
Um tinha cabelos fúcsias, a cor era quase a de vinho tinto. A pele marrom-dourada contrastava com as roupas escuras que pareciam ditar um estilo que Masako apenas via em filmes e doramas adolescentes. O rapaz ao seu lado era extremamente alto e com cabelos bicolores e monocromáticos, somado à pele pálida e os olhos castanhos-avermelhados aquilo fazia-o parecer um vampiro de filmes.
Os dois meninos brincavam com seus Pokémon ali naquela clareira consistindo de uma pequena equipe composta por um Houndour que perseguia uma bolinha de borracha que havia sido jogada, um Gligar que dormia de ponta-cabeça em um galho e um Sentret que reunia, em um montinho, um monte de coisas interessantes que encontrava nas redondezas indo de garrafas e latas vazias a pedras brilhantes, galhos e pinhas. Parecia tudo divertido entre eles.
— Oh, oi, não vimos vocês aí — falou o mais baixo dos meninos. — Estávamos tirando um tempo com nossos ‘mon. Estamos interrompendo algo?
— Não, não estão — fala Silver. — Pensei que não havia ninguém aqui.
— É, foi mal — o garoto monocromático coçou a nuca. — A gente acabou chegando primeiro. Estão treinando seus Pokémon?
— Estou ajudando a minha, hã…
— Namorada? — interrompeu o menino de cabelos cor-de-vinho e Masako sentiu as bochechas arderem fortemente.
— Não somos namorados! — os dois disseram em censura, Masako viu o rosto inteiro do ruivo ficar tão vermelho quanto seu cabelo.
— Ela é apenas minha amiga, me deixem terminar a frase! — ele bradou. — Eu estava ajudando minha amiga a treinar. Os Pokémon dela são fracos e eu queria elaborar um treinamento para ela.
— Oh, você é um coach de treinamento? — pergunta o garoto.
— Um coach de treinamento? — Silver arqueia a sobrancelha, Masako também não sabia muito bem do que ele falava sobre. — O que é isso?
— É uma classe de treinadores que ultimamente anda tendo destaque ultimamente — explica o garoto. — Eles passam rotinas de treino para treinadores e Pokémon ainda inexperientes e tudo mais, mas isso é algo bem novo e eu só vi isso sendo trending em Kanto.
— Eu não sou um coach de treinamento coisa nenhuma — explicou. — Eu sou um treinador. Eu quero desafiar ginásios e assim me tornar mais forte e…
— Igual nossa amiga Lyra — fala o menino mais baixo.
— Vocês conhecem Lyra? — Tomoki inclina a cabeça.
— Lyra?! — exclama Silver em surpresa, como se conhecesse aquele nome de algum lugar.
— Eu e meu amigo Pierce junto do irmãozinho dele viajamos juntos — ele responde. — Ela é uma treinadora, Pierce quer desafiar a Batalha da Fronteira e o Luca, hã, ele tem um ovo.
— Mas e você? — indaga Tomoki.
— Ainda quero descobrir o que quero fazer — confessa, Tomoki entendia ele um pouco, o que vinha a seguir para ela era uma grande incógnita, então ela não o culpava por não ter uma meta em mente. — Mas me fala, de onde, hã. De onde vocês conhecem Lyra?
— E-eu… eu não conheço nenhuma Lyra — fala o ruivo em resposta.
— Nós dividimos um quarto no Centro Pokémon em Violet — responde a princesa. — Ela já tinha me falado de seus amigos uma vez ou outra, mas nunca pensei que fosse conhecê-los. Eu sou a… Tomoki.
— Silver — se apresentou o outro, ríspido, os braços estavam cruzados.
— Eu sou o Ren e bem, esse cara aqui, — ele apontou com o polegar. — É o Pierce.
— Qualé — fala o menino pálido. — Bem, vocês estão treinando, não é? Por que não treinamos juntos também? Eu preciso dar atenção aos meus outros Pokémon também. Podemos nos juntar?
— É… Eu realmente tô precisando treinar o Styx também — diz Ren.
— Não vejo por que não — fala a garota que recebe um olhar enviesado de Silver que parece detestar a ideia logo de imediato.
— Ugh, tá bom, mas eu já aviso, eu não sou nenhum coach de treinamento, viu? — fala Silver. — Se querem que eu os ajude a treinar os seus Pokémon, quero ao menos uma compensação por isso.
— Tem um café bacana no centro da cidade — fala Pierce. — A gente te paga um lanche. Pode ser?
— Fechado, mas eu já aviso, eu não sou um profissional, okay?
— Okie-doki, ruivinho — o menino fez uma continência e gargalhou em seguida.
Sob a supervisão de Silver que parecia extremamente bravo, os três foram treinados individualmente.
Silver havia pedido para que Masako treinasse mais o canto de Igglybuff e que fortalecesse suas cordas vocais assim como a elasticidade e flutuabilidade da pequena fadinha redonda e que em seguida focasse nos voos e acrobacias de Ledyba, coordenando-o para que pudesse desviar das ondas de som do Igglybuff e de seus golpes no ar, sabendo quando contra-atacar.
— Se não puder atacar diretamente então ofereça suporte — explica o garoto ruivo enquanto ajuda a princesa em seu treinamento. — Em uma batalha, incapacitar o adversário por meio de golpes que induzam condições como sono, atração, confusão ou paralisia pode acabar sendo mais útil do que pensa. Você também abre uma janela para que o aliado possa atacar nesse momento de fragilidade do adversário. Foque em ser um suporte, mas também foque em atacar quando preciso, entendeu?
Ela captou a mensagem.
Para Ren, o treino foi diferente com o Houndour. O Pokémon cão era ágil e sabia como ser um bom atacante, então o treino era para focar em seu lado defensivo que parecia ser mais sua maior fraqueza, além de incentivar a Ren a ver o parceiro não só como seu mascote, mas como um companheiro que poderia protegê-lo quando viesse a hora da necessidade.
Pierce foi o único que não recebeu um treino próprio, seus Pokémon já pareciam extremamente fortes para o nível em que se encontravam, mas podiam ter melhorias, claro. Gligar tinha um arsenal com suas garras, presas e ferrão para oferecer em batalha, fora as habilidades no ar voando e desviando, podendo descer em mergulhos além de voar mais sorrateiramente. Sentret também se mostrava um grande combatente, o tanuki tinha o sentido de audição e olfato bastante apurados, podendo detectar de onde os golpes vinham e desviar antes que atingissem-o. Ele sabia o que estava fazendo com seus Pokémon, mostrando que entendia de batalhas mais que Silver o que impressionou a garota.
O treino ficou nessa por cerca de uma hora e meia. Ao final do circuito feito por Silver com troncos, galhos, rochas e lixo que ele encontrou jogado por aí, os quatro adolescentes deitaram na grama ofegantes ao lado de seus Pokémon. Tinha sido um bom treino, aquilo realmente merecia um lanche como Pierce e Ren haviam prometido.
Voltando pela floresta, o quarteto passou por árvores altas carregadas de berries e apricorns, Masako ainda ficava boba vendo a quantidade de biodiversidade desde que ela começara a sair em jornada com seu irmão e com seu não-tão legal guia/melhor não-amigo/única pessoa que podia ajudá-los. Mesmo quando estava no internato em Galar ela dificilmente via tantos Pokémon selvagens assim, era tão lindo ver os Pidgey e Spearow empoleirado nos galhos e os Hoppip voando ao favor do vento. Tudo era muito lindo, ela queria poder mostrar a Minoru aquele mundo fora dos muros de uma residência protegida por guarda-costas e seguranças.
O grupo continuou andando pela mata até que se depararam com uma parede rochosa que parecia um obstáculo em seus caminhos, eles haviam se perdido.
— Eu tenho certeza de que o caminho era por aqui — fala Ren. — Esse paredão não estava aqui antes!
— Eu não deveria ter confiado em vocês para nos guiar para fora desse matagal — bufou Silver. — Se fôssemos a oeste teríamos já saído a essa altura!
— Oeste não me parece a rota certa — intervém Pierce. — A oeste só tem mais mato, eu tenho certeza que Violet fica mais a sul, mas vocês se recusam a me ouvir!
Os três meninos começam a então brigar sobre que caminho deveriam pegar, Masako ficou quieta e suspirou e olhou para o paredão de rocha cinzento e começou a agarrar uma das saliências e se impulsionou para cima, embora com dificuldade. O paredão não era tão alto assim, mas dava para escalar, infelizmente logo na metade ela já estava um bocado exausto parando para tomar fôlego sentada numa grande raíz que despontava da lateral da pedra enquanto lá embaixo os meninos continuavam a discutir.
Acima da copa das árvores ela conseguia ver a cidade de Violet ao longe com a Torre Brotinho despontando no centro da cidade, não estava tão longe assim, mas outra coisa captou o olhar da garota: era uma casa de madeira roxa bem mais a cima, na beira do paredão o que intrigou-a.
— Por que tem uma casa aqui no meio do nada? — murmurou ela baixinho.
— Tomoki! — gritou Silver lá de baixo. — O que está fazendo aí em cima? Você vai acabar caindo!
— Tem uma casa no topo desse paredão — falou ela apontando para cima. — Conseguem escalar? Acho que podemos entrar e pedir informações aos moradores e comer algo antes de voltarmos para Violet.
— Parece uma ideia ruim — foi o que ela conseguiu entender dos lábios de Pierce que se moviam lá embaixo.
Os outros adolescentes arriscaram-se a subir a rocha, enquanto a menina se punha a continuar. Logo ela havia chegado lá em cima e Silver viera logo atrás com Pierce vindo junto e Ren, que apesar da dificuldade, também tinha conseguido alcançar o topo do paredão.
A casa ali naquela estrutura rochosa parecia solitária, a tinta estava descascando e as janelas estavam com a maioria dos vidros quebrados, parecia abandonada há pouco tempo, talvez alguns meses. Masako olhou mais para baixo e parecia que havia outro jeito de chegar até ali que não fosse escalar, um caminho escavado na rocha que seguia até uma trilha aberta na floresta, mas agora eles já tinham subido, o mínimo que poderiam fazer era pedir aos donos da casa por informações, comida e água antes de partir. Ninguém negaria algo assim a treinadores viajantes, não é mesmo?
— Essa casa é medonha — fala Ren.
— Medonha — uma voz imita-o, grasnando da copa de uma árvore retorcida. — Medonha. Casa medonha.
Os quatro adolescentes se viram e veem um Pokémon de plumas negras e ensebadas e de bico amarelado que os enxergava com um par de olhos vermelhos intensos do galho mais baixo. Era um Murkrow. Masako já tinha ouvido falar que alguns eram capazes de imitar vozes humanas e que eram inteligentes o suficiente para usar ferramentas.
— Sai daqui, assombração — Pierce enxota o corvo que grasna e voa, circundando-os.
— Assombração, assombração, assombração! — exclama o corvo. — Casa medonha. Medonha. Sai daqui! Sai daqui!
— A gente deveria realmente ir embora, o Murkrow está certo — Ren ri em nervosismo.
— Já estamos aqui e é melhor a bruxa da floresta que mora nessa casa nos dar ao menos um copo de água
Silver foi em direção à porta de madeira da casa e bateu na porta.
Não houve resposta. Parecia que o lugar estava abandonado, até que a porta rangeu e abriu-se sozinha. Um vento frio soprou e arrepiou todos os pelos do corpo da garota, mas ela foi a primeira a caminhar porta a dentro da casa abandonada no alto do rochedo.
Assim que ela colocou os pés nas tábuas do piso algo envolveu-a. Eram milhares de fios pegajosos vindo em sua direção e de Silver, enrolando-os e puxando-os para dentro enquanto a seda os mumificava para o susto de Ren e Pierce que estavam passos atrás deles.
Em uma velocidade assustadora eles foram retesados em direção à uma elaborada e gigantesca teia de aranha que ocupava todo o sótão no segundo andar. Restos mortais de Pokémon encobertos em casulos de seda eram visíveis por todos os cantos e no centro da teia havia um enorme aracnídeo rosado com chifre e quelíceras brancas, as patas eram amarelas com listras roxas, com duas delas eretas na parte superior de seu tórax marcado por um padrão de listras pretas, no final de seu corpo o aracnídeo tinha uma fiandeira amarelada de onde produzia mais fibra sedosa para construir sua teia, era um…
— Ariados… — dissera Silver, os seus olhos estavam arregalados, as íris e as pupilas tinham diminuído em medo ao ver o aracnídeo que deslizava pela teia na direção deles.
— O que… o que ele vai fazer conosco? — indaga Masako também com medo do Pokémon aranha.
— Vai fazer seda tóxica e nos matar — fala o ruivo observando a aranha formar em suas quelíceras fios embebidos em veneno púrpura. — Ele vai nos envenenar e depois nos comer se ele estiver muito faminto. Céus, eu odeio insetos. Odeio, odeio, odeio!
Pierce
Quando Silver e Tomoki foram puxados por aquele fio de teia, Pierce agiu instantaneamente mandando seu Gligar e seu Sentret. O escorpião-morcego voou em um rasante e com as pinças picotou as formações de teia em seu caminho enquanto o tanuki cortava com as garras. Ren vinha logo atrás com seu Houndour, Murkrow estava voando logo atrás agourando tudo chamando o lugar de assombrado.
Vagando pelos corredores, os dois tentavam achar sinal deles, mas o lugar estava um caco. O mobiliário estava recoberto por teias grossas e em um canto ou outro havia a ossada de algum Pokémon enrolada em faixas de seda aracnídea. A casa cheirava a mofo e poeira, o que deixava o nariz de Pierce irritado, fazendo-o espirrar muito quando abriam uma porta ou um armário na procura por Silver e Tomoki.
— Deveríamos ter ido direto para Violet — suspirou Pierce depois de abrir a porta de um quarto, mas nada havia ali além de uma cama destruída e um bolsão de seda que se remexia, o que apavorou-o.
— O que será que tem ali? Parece pequeno demais para ser uma pessoa — apontou Ren.
Pierce engoliu em seco e foi em direção ao bolo de fios e com as mãos abriu o envólucro, de lá de dentro algo saltou. Tratava-se de um criaturinha pequena verde-azulada cujo formato do corpo lembrava uma pinha ou até uma granada, era um Pineco. O pequeno Pokémon então saltou na direção de Pierce em felicidade ao ser liberto.
— Esses bichos não se auto-explodem? — indaga Ren olhando o bicho-de-cesto que saltitava nos braços do amigo.
— Bem, é melhor a gente não se arriscar com esse daqui então — fala Pierce claramente nervoso, o Pokémon tinha o formato de uma granada, explodir seria o menor de seus problemas, eles tinham que ir ao resgate daqueles dois antes que o Ariados fizesse eles de jantar. — Temos que procurar por eles.
— Procurar por eles, caw — grasnou o Murkrow que voou em direção ao andar de cima.
Os dois adolescentes seguiram o pássaro preto escadaria acima, passando por mais um corredor até chegar no sótão. O local estava abarrotado de restos mumificados em teia de Ariados, ossadas de Pokémon que já haviam sido devorados e bem ali no centro daquela trama de seda aracnídea estava Tomoki e Silver se debatendo enquanto Ariados se aproximava com suas quelíceras secretando fios venenosos. Eles tinham que agir.
— Gligar ataque com Acrobatics! — ordenou ele. — Sentret corte a teia com Scratch!
— Houndour use Ember no Ariados!
Os dois Pokémon então atacaram. Gligar, em movimentos acrobáticos, cortou os fios que prendiam Silver e Tomoki enquanto o Ariados desfazia a trama para permitir que eles pudessem se libertar com mais facilidade. O Ariados contra-atacou com uma saraivada de agulhões embebidos em seu veneno aracnídeo mas que foram incinerados pelo fogo do Houndour de Ren.
Até a Murkrow que vinha acompanhando-os como um pássaro agoureiro resolveu atacar a grande aranha que defletia os golpes dos Pokémon ali com mais golpes. O ruivo e a garota, ainda desnorteados tentavam ajudar, mas parecia ser em vão, já que parecia ser um Pokémon em um nível de força mais alto que os demais Pokémon dos treinadores ali, se eles não fizessem algo o quanto antes, a aranha iria cuspir um veneno ainda mais potente e debilitá-los.
A Pineco que Pierce segurava nos braços estava inquieta. O bicho-de-cesto não conseguia se conter vendo todos os Pokémon ali lutando juntos contra a aranha e não fazendo nada, então ela pulou dos braços do garoto ao ar, catapultando-se e sacolejando-se enquanto caía em direção do aracnídeo. O corpo em forma de pinha do Pokémon Inseto brilhou em uma luz branco-amarelada forte e antes que todos pudessem correr a onomatopeia de uma explosão ensurdeceu temporariamente os treinadores e os Pokémon que haviam sido mandados pelos ares rumo às paredes.
Os ouvidos de Pierce zumbiam e os seus olhos se ajustavam à luz que vinha do teto, na verdade, do que havia sobrado do teto já que a explosão de Pineco havia abrindo um rombo e mandado o telhado da casa para os ares. Aquele insetinho tinha a potência de uma bomba de verdade e lá estava ela pulando sobre o Ariados desacordado, impressionando os olhos do garoto. Ele tinha que ter aquele Pokémon.
— Puta merda — ele xingou, ainda espantado. — Você é literalmente uma bomba.
— Concordo — disse Silver que se levantava, limpando a poeira da jaqueta de motociclista. — Vamos sair daqui antes que aquele bicho acorde e decida se vingar e caçar a gente.
Ele acenou com a cabeça e retornou seus Pokémon e pegou levou a Pineco consigo enquanto apoiava o corpo desacordado de Ren em seus costas, sendo seguidos por Murkrow. Silver carregava Tomoki nos braços, deixando que ela aninhasse ali enquanto rumavam para fora da casa abandonada em direção à floresta onde pararam para descansar.
Na floresta Ren havia acordado e poucos minutos depois Tomoki também tinha recobrado a consciência. Os quatro estavam exaustos depois daquele dia longo e só queriam voltar para a cidade de Violet, mas por agora eles teriam que descansar e garantir que o Ariados não estava os seguindo.
— Detesto insetos — Silver menciona, sua voz mostrando asco. — Nunca mais entro numa casa abandonada de novo.
— Somos dois — disse Pierce enquanto fazia carinho nos pelos do Sentret, o tanuki estava em suas coxas espreguiçando-se enquanto seu Gligar estava nas árvores de ponta-cabeça. — Não sabia que um Ariados era capaz de capturar pessoas em suas teias e tentar comer elas.
— Eles deixam suas presas morrerem primeiro, sufocadas nas teias e envenenadas — explica Silver. — Depois comem o que sobra. Ariados é um Pokémon paciente, eles podem ficar semanas sem comer esperando na teia e quando a vítima chega perto elas vão e…
— Entendemos — o corpo inteiro de Ren tremelicou. — Meu Ho-Oh, como você sabe disso? É biólogo por acaso?
— Prefiro me abster — disse, críptico, Pierce sentia que havia mais em Silver do que o garoto queria falar, mas também a vida dos outros não era de sua conta. — Bem, acho que já vou indo. Vamos, Tomoki?
Ela acenou com a cabeça, indo atrás do rapaz, ela ainda estava um pouco atônita do que havia acontecido naquele dia, mas também, quem que não estaria, não é?
Ren e Pierce ficaram ali sozinhos naquela clareira na floresta próximo ao regato com seus respectivos ‘mon e com os dois inusitados companheiros que haviam encontrado quando foram àquela assombrada casa no alto do morro. Murkrow parecia afeiçoar-se a Ren, aninhando-se em seus cabelos fúcsias já a Pineco parecia fazer companhia ao Gligar de Pierce, pendurando-se nos galhos de uma árvore próximo ao lado do escorpião-morcego.
— A gente deveria capturar esses Pokémon — sugere o amigo enquanto analisava tudo que havia acontecido naquele dia. — Tipo, se a gente quiser ficar mais forte, teremos que pegar outros ‘mon, certo? É o que ser um treinador significa, né? Sempre capturar novos Pokémon e fazer amizade com eles e se tornar forte junto deles, certo?
— Bem, você tem razão — diz Pierce que pegou uma Level Ball no bolso de sua calça. — Gligar, vamos começar!
— Styx é a sua vez!
Houndour e Gligar se posicionaram e tanto Murkrow quanto Pineco pareceram entender o recado e uma batalha se deu início. O cão atacou, sob ordens de Ren, o corvo com uma rajada de brasas ardentes sendo revidado por cortes de ventania e bicadas enquanto o escorpião-morcego atacava o bicho-de-cesto com ferroadas e ataques acrobáticos.
A batalha estava parelha. Os dois treinadores conseguiam desferir fortes golpes contra os Pokémon selvagens, logo estariam incapacitados o suficiente para que pudessem ser capturados.
— Styx ataque com…
Antes que o garoto de cabelos fúcsias pudesse dizer alguma coisa o cão infernal eletrificou seus caninos, envolvendo a mandíbula em uma aura relampejante e saltou no ar dando uma mordida que paralisou a ave agoureira. Era um Thunder Fang, um golpe que ele nunca tinha visto seu Houndour usar antes.
— Agora, Ren, joga a Pokébola!
— Okay…
O garoto pegou uma de suas Pokébolas, uma Moon Ball que havia comprado, e segurou-a firme e imitou um dos arremessos de Pierce durante um de seus jogos de beisebol e mirou no pássaro na tentativa de prendê-lo na esfera e capturá-lo. A Pokébola capturou Murkrow e caiu no chão e tremeu uma, depois duas, depois uma terceira vez e bling, a captura havia sido um sucesso.
Pierce foi logo em seguida, atirando sua Level Ball na direção do bicho-do-cesto antes que o inseto pudesse explodir-se de novo, já que ele sabia o quão violenta eram as explosões do pequenino Pokémon. A Level Ball fez o mesmo que a Moon Ball de Ren e em três sacolejos Pineco tinha sido pego com sucesso.
— Acho que agora já podemos voltar ao Centro Pokémon — disse Pierce. — A Lyra vai ficar chocada quando a gente contar o que aconteceu!
— Verdade — concorda Ren.
Masako
Os Pokémon de ambos haviam se recuperado. Silver? Nem tanto.
Masako observava Silver que olhava apático do parapeito da varanda do terraço, os cabelos escarlates esvoaçando ao vento, o semblante melancólico. Ele precisava que alguém conversasse com ele e ao mesmo tempo ele queria se afastar de todos.
— Ah, oi, Tomoki… — ele se virou e a olhou.
— Silver…
— Sei por que você veio até mim.
— Sabe?
— Eu sei que pareci um covarde lá com toda a coisa do Ariados e demonstrei medo quando vi seu Ledyba e…
— Você tem fobia de insetos? — ela perguntou, curiosa.
— Não é só uma fobia… eu não sei te explicar, mas… — ele engoliu em seco.
— Envolve algo que a Equipe Rocket, não é? — perguntou mais uma vez. — Eu vi suas cicatrizes. Você tem tantas e eu… Como conseguiu cada uma delas?
— A maioria é de treinamentos ou de punições — ele explicou. — Essas são as menos graves… As mais graves são… Eu não consigo dizer…
— Não precisa — ela tocou sua mão e olhou para os olhos tristes de Silver, prateados como um luar. — É sua dor e você compartilha se quiser, okay?
— Obrigado por ser compreensiva — ele disse brevemente. — Acho que se fosse seu irmão, ele não entenderia, mas você é diferente. Não sei explicar. Eu fico feliz de estar viajando com você.
Ela não pôde evitar corar. A garota enrubesceu e escondeu o rosto nas palmas das mãos, Silver passou uma mãos pesada por seus cabelos e deu um breve sorriso para ela.
— Sei que estou escondendo certas coisas, eu não posso compartilhar tudo que tenho a dizer — falou o garoto. — Eu passei três anos com a Equipe Rocket e eu não desejaria isso para ninguém, então vai ter coisas que eu não vou dizer nem para você nem para o Kousei.
— Mas quando chegar o momento certo…?
— Aí sim eu vou contar e vocês também vão contar sobre vocês — ele a respondeu. — Mas por enquanto vai ter segredos entre nós.
— E uma hora não vai haver mais segredos — ela deu um sorriso. — Mas por agora, eu gostaria saber um pouco sobre você.
— Tipo o quê?
— Quantos anos você tem? — ela começou a série de perguntas. — De onde você é? As coisas que você gosta e odeia. Tipo, qual seu doce favorito? Todo mundo gosta de algum doce!
— Bem, então eu também quero devolver as perguntas, vamos fazer disso um jogo — ele sorriu e se sentou. — A única regra é: falamos três coisas sobre nós, mas uma deve ser mentira. Que tal?
— Okay, acho que consigo.
— Será? — ele sorriu provocativo. — Eu sou muito bom em mentir.
— Então somos dois.
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Regras:
-Não pode xingar;
-Não pode falar de forma explícita pornografia e/ou palavrões;
-Não pode desrespeitar;
Ah, então nos eventos do mesmo dia a gente também teve a oportunidade de ver o lado do Ren e do Pierce que eles comentaram no final da primeira parte. Cara, do jeito que eles falaram lá parecia ter sido só um dia agitado kkkkkkkkkk Mas talvez eles não quisessem assustar os outros contando tudo. E bem, quem realmente esteve perto de ir de arrasta foram o Silver e a Tomoki.
ResponderExcluirEstou curtindo bastante como essa fobia de insetos vem sendo trabalhada no Silver desde que eles chegaram a Violet. Cara, se isso não é uma fobia normal e tem a ver realmente com a Team Rocket como a Masako sugeriu, então eu não vou nem me atrever a dizer o que eu acho que pode ter acontecido. Pode ter sido de tudo. E interprete "de tudo" da pior forma possível.
Mas olha, se no final da parte 1 eu comentei sobre um climinha diferente estar se formando entre a Lyra e o Tenma, agora entre a Masako e o Silver me parece que está caminhando até mais rápido. O que é natural, dado que eles estão viajando juntos, e a Lyra e o Tenma não. Mas ainda que fossem situações iguais nessa questão, acho que a da Masako e do Silver caminharia mais rápido de qualquer maneira porque eu acho que a dinâmica dos dois acaba favorecendo isso.
Agora Pierce e Ren têm duas ótimas adições nos seus times. Pra quem não sabe o que quer da vida ainda, o Ren tá formando um time que bateria os ginásios de boas. Mas ele tem que dar uma melhora na versatilidade do time dele, porque tá ficando monotype dark. A não ser que... :v
Mais um ótimo capítulo, man!
Até a próxima! õ/
Essa é a graça dos capítulos x.1 e x.2, ver por diferentes pontos de vista acontecimentos que se passam no mesmo dia simultaneamente.
ExcluirA fobia de insetos do Silver é algo que está sendo aos poucos construído e mostrando-se algo já bastante complexo. Levante suas hipóteses, eu só posso dizer que é mais profundo do que aparenta e que logo veremos bem mais de perto. Talvez possa ter acontecido de tudo mesmo, da pior forma de todas.
Se o clima entre Lyra e Tenma já estava se mostrando óbvio, eu deixei mais óbvio ainda e, como você disse, até mais rápido. O que você comentou de esses sentimentos estarem se desenvolvendo rápido por que estão juntos por muito mais tempo, mas isso acaba se mostrando algo que aconteceria querendo ou não.
Finalmente tivemos duas novas capturas para o Pierce e para o Ren. A Murkrow ir para o time do Ren foi uma grande adição, me fala que não. As coisas estão começando a ficar interessantes para o nosso garoto com esse novo integrante para a equipe.
Enfim, nos vemos no próximo capítulo.