segunda-feira, março 11, 2024


 

Masako

Algures entre as Rotas 46 e 31, Johto

Quinta-feira, 28 de abril


Talvez Masako tivesse se afastado demais. A princesa estava bastante longe de onde os meninos haviam montado o acampamento horas atrás, ela havia ido para uma campina aberta repleta de flores rio abaixo, onde alguns insetos polinizavam as flores e outros Pokémon podiam ser vistos dentre as pétalas.

Ela e o Chikorita de Silver estavam extasiados com aquela paisagem. A garota nunca tinha visto tantas flores num mesmo lugar como aquele, aquela campina punha os jardins do palácio completamente no chinelo com aquelas cores vivazes e a liberdade que os insetos e outros ‘mon tinham para ir e vir, não havia nenhum Vulpix para lidar com pragas, cercas eletrificadas ou jardineiros mesquinhos. As flores eram bem mais coloridas, não eram como as orquídeas e lírios pálidos dos jardins ou as rosas claramente modificadas e que não tinham cheiro nenhum ou espinhos. Estar do lado de fora era tão diferente.

Junto de Chikorita ela caminhou por entre a grama alta e as flores, agachada tentando não ser vista pelos Pokémon selvagem ali. Ela tinha que fazer uma captura, tinha que ter um parceiro consigo. Alguém capaz de ajudá-la a lidar com os caras maus que haviam sequestrado seu irmão menor.

Ela observou um grande Pokémon equino cor de creme que pastava por ali, acompanhado por um rebanho de Pokémon menores. O cavalo maior tinha uma crina de chamas escarlates que lambiam o ar ao seu redor bruxuleando, percorrendo pelas costas até a cauda, assim como nos calcanhares. No centro de sua cabeça um longo chifre despontava. Era um Rapidash, a evolução final de Ponyta, dois Pokémon que eram diferentes em Galar onde havia estudado nos últimos dois anos.



— Se eu só jogar apenas uma Pokébola eu não preciso batalhar com ele, certo? — ela perguntou olhando para o Chikorita que parecia incrédulo com a coragem da garota em querer atirar apenas uma Pokébola em um Rapidash que parecia quarenta vezes mais forte que o pequeno Pokémon de Grama.

Sem esperar resposta ela mirou a Pokébola no flanco traseiro do garanhão, batendo forte contra ele. A manada de Ponyta correu dali, enquanto a Pokébola capturou o equino e chacoalhou uma, depois duas e por último uma terceira vez. Ela não podia acreditar no que seus olhos viam, antes de ir em direção à Pokébola, a esfera tremeu e abriu-se e dela saiu o Rapidash em pose de combate, suas chamas queimando mais forte e olhos em furor, ele havia visto a garota ali perto e bufou.

— Oh não — amaldiçoou.

Ela começou a correr, embora fosse em vão, o cavalo a perseguia, galopando a toda velocidade e com o chifre pronto para golpeá-la. Carregando o Chikorita de Silver e bastante ofegante, ela continuou a correr pela campina florida em direção ao rio, talvez por ter água faria o cavalo parar seu progresso, mas infelizmente o rio estava distante demais, até chegar lá o Rapidash usaria um golpe de chamas contra ela.

Àquela altura suas pernas doíam e muito, ela já havia andado boa parte do dia e seu corpo já queria parar de funcionar já que fazia muito tempo desde que ela não comia. Quanto mais ela corria mais ela sentia o ar ficar quente ao seu redor, o respirar bufante do Rapidash e o estalar de suas chamas.

Ela estava ferrada!

— Droga… droga… Que estúpida — reclamava enquanto corria. — Por que fui jogar a Pokébola justo em um Rapidash?

Ela se sentia burra, deveria ter mirado em um dos Ponyta, em um Pokémon mais fraco, mas não, ela jogou logo no líder do rebanho, o Pokémon mais forte dali. Com o coração martelando no peito e a respiração ofegante, ela tentou continuar com aquele ritmo, mas parecia inviável, o Rapidash era mais veloz.

O cavalo relinchou alto, ela sentiu sua vida percorrer diante de seus olhos. Depois de ter sido perseguida por um Parasect ensandecido e de seus captores era assim que ela encontraria seu fim, sendo pisoteada por um Rapidash.

Inconscientemente ela fez uma pequena prece para quem estivesse ouvindo-a para salvá-la. Havia tanta coisa que ela não havia feito na vida, ela queria encontrar seu irmão caçula, ela queria aprender a usar um espada como o irmão gêmeo fazia, queria ser uma treinadora igual Silver, queria aprender mais sobre os Pokémon agora que estava livre da vida palaciana sufocante, não seguir mais protocolos ou rotinas, ela queria ser como as meninas que ela via da janela do carro, ela queria saber como era beijar um menino e se apaixonar. Ela queria enfim viver de verdade, ela não queria mais a sua vida monótona de antes.

Com lágrimas formando-se ao redor de seus olhos, ela apenas ouviu os cascos do Rapidash atrás dela, mas também uma voz adocicada e suave. A melodia preenchia o ar e notas musicais multicoloridas flutuavam, Masako sentiu seu corpo pesar, mas ela permaneceu firme, embora o cansaço fosse maior ainda, não muito longe dali sentado em uma pedra estava um pequeno Pokémon redondo e rosado que cantarolava a beira do rio.



— Parece um Jigglypuff em miniatura — comentou, seus olhos estavam pesados como se ela estivesse com sono — Que fofinho.

Um Igglybuff, Silver havia dito sobre os Pokémon que habitavam aquela serra, só podia ser esse, até o nome era parecido com o de Jigglypuff e se ela não estava enganada esse Pokémon era conhecido pelas suas canções de ninar que colocavam seus inimigos no mais profundo sono.

Ela virou-se e viu que o Rapidash já não a perseguia com a mesma velocidade de antes, ele estava cambaleando, sentindo seu corpo pesar. O cavalo começou a dar passos pesados até que caiu no chão e deitou-se, dormindo um sono bastante pesado.

Masako sentiu-se aliviada, respirando tranquilamente, mas isso não queria dizer que o Igglybuff tinha parado de cantar. A princesa e o Chikorita iriam desmoronar ali perto do Rapidash, o que não iria adiantar muito se o cavalo acordasse e os visse, a garota então em uma medida desesperada pegou do seu bolso a outra Pokébola que havia pego da mochila de Silver e atirou em direção ao pequeno Pokémon rosado.

A esfera fechou-se e em cima da rocha ela sacudiu uma, depois uma segunda e por fim uma terceira vez, ela ficou tensa. Ela tinha de capturar aquele Pokémon, nem que seja para permanecer desperta e sair dali, ela não podia despencar de sono perto daquele Pokémon que havia perseguido-a. Quando a Pokébola sacudiu uma terceira vez e brilhos saíram dela a captura foi confirmada, ela havia pego o Igglybuff.

— Eu capturei… eu capturei meu primeiro Pokémon — ela disse pegando a Pokébola e aproximando-a do peito, dando um breve sorriso, embora seu corpo já estivesse cansado.

Ela abriu a Pokébola e dela saiu o Igglybuff que parecia confuso com tudo aquilo. A fada flutuou ao redor da princesa e sentou-se em seu ombro, como se não se importasse de ficar perto dela. Masako sorriu e passou a mão no pelo macio de Igglybuff, fazendo carinho.

— Preciso mostrar você para meu irmão e para Silver — disse ela, virando-se em seguida e vendo que o Rapidash ainda dormia. — E sair daqui o quanto antes, não quero ver esse Rapidash quando ele acordar.




Silver


Eles estavam correndo por todos os cantos procurando pela garota. Dante estava puto. Não por Tomoki ter sumido, ela não tinha culpa, mas porque a Equipe Rocket estava ali e ele sabia bem do que eles eram capazes, afinal havia convivido por três anos com aqueles maus elementos.

— Me explica de novo, por que estamos correndo se não é a polícia que está atrás de nós? — indagou Kousei. — Quer dizer. De você?

— Por que se fosse a polícia seria mais fácil eu me entregar — disse ele em resposta. — Esses caras são piores, vai por mim, se eu for pego por eles não vai ser bonito.

— Mas que caras são esses?

Dante engoliu em seco. Ele não poderia revelar para Kousei que a Equipe Rocket estava atrás dele, a maioria das pessoas acreditava que a organização havia desmantelado-se depois do segredo obscuro de Giovanni ter vindo a público. Para as pessoas, aqueles garotos há três anos atrás haviam acabado com toda a organização criminosa e o império do crime de Giovanni.

Uma pena que tudo era uma grande mentira. Archer havia usurpado o lugar de seu pai com punhos de ferro, traindo o homem que tinha-o como sua mão direita. Ele havia remodelado a equipe, trazendo cientistas da Silph que haviam desertado, começado um novo projeto, um que seria diferente do anterior e que parecia andar a passos delicados e minuciosos, já que Silver não sabia de nada vindo do alto escalão nem dos recrutas mais baixos.

— Criminosos — ele respondeu. — Eu… É complicado. Eu fiz algo a eles e agora eles estão atrás de mim.

— Arceus Sagrado, todo mundo te odeia em Johto, é?

— Bem, você não — ele disse — Nem sua irmã.

— Eu posso cogitar mudar de ideia — respondeu enquanto carregava o Vulpix que havia resgatado momentos atrás, a pobre raposa tinha marcas de ferimentos, de açoitadas e só um Pokémon poderia ter desferido aquele tipo de golpe e ele sabia bem qual.

— Espero que não — diz Dante. — Temos um acordo mútuo, se lembra?

Kousei revirou os olhos e bufou. Os dois garotos deram uma parada na correria, ambos estavam já cansados e suando, se ele estivesse certo, já estavam longe demais da clareira onde o balão havia pousado e talvez teriam despistado aqueles três Rockets. Dante não podia voltar. Ele não podia ser cativeiro de Archer de novo.

Ele tinha que lutar. Ele tinha que ser como aqueles garotos de três anos atrás.

Então por que foge como um covarde?, um pensamento intrusivo invadiu sua mente. Por que foge tanto de seu passado? Por que não enfrenta eles de uma vez?

— Silver?

— Oi? — ele virou-se e viu Kousei.

— Ela está ali.

Ele estava apontando para uma abertura por entre as árvores onde era possível ver a luz do sol e um grande prado de flores. Ao longe era possível ver uma garota em seu cardigã de lã, ela estava exausta assim como eles, mas trazia um Pokémon redondo consigo e um Chikorita, era Tomoki. Eles a tinham encontrado, enfim.

Nee-san estamos aqui! — gritou Kousei.

— Tomoki! — chamou Silver — Tomo-chan!

Os meninos gritaram para chamar a atenção da garota que estava a uma distância considerável, mas parecia que ela não podia escutá-los. Silver andou mais um pouco à frente, embora cansado, e Kousei foi logo atrás, os dois gritando pela garota que parecia absorta e perdida em seu próprio cansaço como se tivesse a pouco escapado de algo feroz.

Nii-san? — ela chamou quando os viu. — Silver?

Ela correu em direção deles. Os dois meninos fizeram o mesmo, quando estavam quase fora dos limites do bosque com a campina algo puxou-os pelo pé: longos cipós azulados.

Merda. Eles haviam o achado.

Sendo arrastado em direção às árvores, os três adolescentes foram envoltos pelas vinhas, embalados como múmias prontas para serem colocadas em sarcófagos, todos os três pendurados de ponta cabeça. Do alto da copa de uma árvore havia um Pokémon recoberto pelas mesmas videiras viçosas, uma Tangela e junto dela um primata de pelos brancos com um focinho de porco, um Mankey, que pegara os demais Pokémon dos jovens ali com seus braços e sua cauda.

— Ora, ora, parece que encontramos a nossa Mareep desviada — uma voz masculina ecoou pela floresta.

— A Chansey dos ovos de ouro — continuou uma voz feminina — E veja só, parece que nosso garotinho fez amigos, que fofo, não?

— Quem está aí? — gritou Kousei.

— Q-quem são vocês? — perguntou Tomoki.

Silver engoliu em seco, ele não queria responder, ele não queria revelar nada para os irmãos gêmeos, não queria que toda a confiança que eles haviam depositado nele fosse para o ralo tão de imediato assim se aqueles dois palhaços revelassem que ele era da Equipe Rocket. Que ele era filho de Giovanni.

Quem está aí? — arremeda a voz masculina. — É a encrenca.

— Encrenca em dobro — continuou a voz feminina — Somos nós.

— Arceus que vergonha alheia — Dante revirou os olhos.

Alguns recrutas muitas vezes tinham uma mania de se apresentar com lemas, algo bem tosco e que acabava entregando-os em missões solo em campo, os oficiais de alto escalão muitas vezes debochavam deles por conta daquela besteira que nunca fazia sentido, mas ainda havia aqueles que achavam-se por conta daqueles lemas toscos.

— Para proteger o mundo da devasta-

— Não, não — uma terceira voz interrompeu o começo do lema. — Nana-nina-não. Eu já disse que não iríamos fazer essa baboseira.

— Se revelem! — gritou Kousei tentando sair daquele emaranhado de vinhas.

Saindo de um arbusto vinham os dois recrutas em seus uniformes brancos com o R estampado em evidência e logo atrás deles vinha o cientista maluco mirim com seu jaleco esfarrapado e o Ditto que sempre o acompanhava.

— Aquele R… — murmurou Tomoki pasma.

— Eu achei que… — Kousei continuou. — Silver, você estava querendo escapar da Equipe Rocket?!

Ele ficou emudecido, não sabia como responder aos gêmeos sobre as circunstâncias de tudo que aconteceu na sua vida nos últimos três anos até agora.

— Uh, ele adotou um nome falso, que fofo — disse a garota. — Aposto que a chefia vai adorar saber disso.

— E ainda podemos levar os amiguinhos deles e qualquer Pokémon que tenham consigo — disse o outro recruta — E não conseguiríamos se não fosse o nerdola ali, haha, quem diria que você seria útil, hein Langley?

— Bem, eu só fiz o melhor com os dados da polícia e as coordenadas do meu tablet e os restos de comida perto do rio entregou eles — ele se gabou. — Desçam eles, vai ser um longo caminho de volta para o QG.

— O que faz pensar que vocês vão me levar de volta? — indagou ele olhando para um ponto mais alto nas árvores acima de onde os Pokémon dos grunt estavam e depois para o chão gramado abaixo onde Chikorita e os outros Pokémon estavam, ele começou a formular um plano.

De volta? — indagou um dos gêmeos.

— A executiva está com nossas cabeças em travessas de prata caso não o trouxermos de volta — grita Cassie — Não era para ter escapado das instalações, pirralho!

Pirralho, pff… — ele tirou sarro enquanto sinalizava para quem estava logo acima da copa das árvores — Vocês não são tão mais velhos do que eu. Cassie e Chadwick, não é? Vocês não são tipo uns treinadores fracassados que perderam na Liga um tempo atrás e foram recrutados pela ER?

— O que você está fazendo, Silver? — perguntou Tomoki olhando para ele, incrédula, ele estava ofendendo os grunts da organização vilã como se não fosse nada.

A duplinha arregalou os olhos, Cassie apertou os punhos e cerrou os dentes, Dante havia tocado em uma ferida dela.

— Oh, é verdade, vocês mal conseguiram chegar na Liga — ele gargalhou enquanto tentava livrar-se daquela constrição de vinhas de Tangela enquanto algo se movimentava acima das árvores.

— Os ginásios de Kanto são difíceis, okay? — disse a garota. — E eu precisava do dinheiro para me manter na estrada, eu não iria voltar para casa que nem uma otária!

— Sabrina lavou o chão com meus Pokémon! — exclamou Chadwick, afetado pelo comentário de Dante. — Eu queria me tornar forte, entrei para a Equipe Rocket por isso!

— E continuam fracotes, ha! — ele gargalhou. — E ainda andam com um zé mané igual ao Langley. Eu me lembro bem de você, qual é a sua história triste mesmo? Ah é, você era aquele garoto prodígio que entrou para a Uni Celadon com treze anos e foi expulso porque quis fazer experimentações usando as células do seu Ditto.

— Cale a boca! — o rosto do mini-cientista louco ficou vermelho de raiva.

— Venham calar — disse o ruivo. — Aposto que não conseguiriam nem me arranhar mesmo eu com as mãos atadas.

— Ora, seu! — Cassie bufou. — Tangela use Mega Drain, sugue as energias desse pivete!

O Pokémon gorgôneo brilhou em verde esmeralda, suas vinhas, assim como canudos, começaram a sugar energia vital de Dante e dos gêmeos que tremeram naquela trama de vinhas e cipós, mas o ruivo tentou não demonstrar, antes que ele pudesse deixar um gemido de dor escapar seus lábios em um arfar, algo desceu da copa das árvores com garras afiadas cortando as trepadeiras do Tangela. Era a Sneasel do garoto que havia ficado para trás para segui-lo e prevenir que fossem seguidos pela Equipe Rocket.

Os cipós foram cortados em pedacinhos, libertando ele e os irmãos, em uma acrobacia digna de um artista de circo ele havia caído de pé apenas para provocá-los. Tomoki, por sorte, havia caído em um arbusto enquanto seu gêmeo havia estupidamente caído de quatro como um Meowth que havia pulado de uma janela alta.

— O Sneasel da srta. Annie! — apontou Chadwick.

— Você quer dizer minha Sneasel, né? — provocou o ruivo. — Ela não tratava a coitadinha bem, ela está melhor comigo, não é Sneasel?

A gata-doninha chiou e subiu no ombro do garoto. O Tangela de Cassie saltou da árvore e agitou seus tentáculos lenhosos de vinhas para a Pokémon de Silver que debochava da situação. Ele ainda precisava libertar os demais Pokémon que estavam sendo mantidos cativos pelo Mankey de Chadwick.

— Tangela use Vine Whip!

— Intercepte! — ordenou Dante. — Salte em direção às árvores e use Ice Shard!

A doninha saltou na direção da árvore onde estava o Mankey e de lá disparou uma rajada de cacos afiados de gelo em direção do Pokémon gorgôneo que continuou a atacar o Sneasel com suas vinhas viçosas ao ponto que a árvore sacudiu fazendo o macaco-porco perder o equilíbrio e soltar os outros Pokémon.

O Igglybuff flutuou em direção à Tomoki enquanto o Vulpix correu para a frente de Kousei. Os Pokémon do ruivo correram em sua direção, eles estavam em pose de batalha assim como Sneasel, os gêmeos que não tinham nenhuma experiência como treinadores apenas olhavam.

— Chikorita use Razor Leaf e combine com o Ice Shard de Sneasel — comandou ele. — Wooper dispare um forte Water Gun!

E os Pokémon fizeram como foi-lhes ordenado. O Chikorita balançou sua folha da cabeça e dela uma enxurrada de folhas afiadas como navalhas foram disparadas sendo encobertas por uma capa de gelo do Ice Shard, ambos rodopiando em torno de um forte jato pressurizado de água contra o Tangela da grunt que nem teve tempo de revidar.

O Mankey de Chadwick saltou da árvore e ordenado por seu treinador, executou uma sequência de arranhões contra o Vulpix de Kousei que não fez nada para contra-atacar.

— Peça para que ele ataque! — disse para o rapaz de cabelos azulados.

— Mas eu não sei… eu não sei que golpes ele tem… — disse, ele estava todo retesado.

— Você só vai saber se você experimentar — Dante diz. — Estamos em uma batalha, não podemos vacilar. Se quiser encontrar seu irmão teremos que batalhar!

Ele assentiu com a cabeça e a irmã também. Eles timidamente se colocaram em posição de ataque. Cassie lançou outro Pokémon, dessa vez um Zubat enquanto Langley, o cientista, escondia-se atrás dos outros grunts e mandava seu Ditto para o campo de batalha.

Ditto assumiu a forma do Mankey de seu comparsa e começou a desferir golpes contra os Pokémon dos adolescentes junto do Zubat de Cassie. Kousei, deixando aquele medo e nervosismo de lado, olhou para o Vulpix, que apesar de fraco parecia querer revidar. Sua irmã e o Igglybuff também se propuseram a batalhar dessa vez.

— Vulpix ataque! — ele pediu, seu tom de voz estava baixo, hesitante, mas a raposa parecia ter entendido.

Da boca da raposa, plumas de chama de cor azulada surgiram, sendo disparadas em direção ao Mankey e à sua duplicata. Sneasel e Chikorita lutavam em conjunto para auxiliar ao Vulpix, enquanto protegiam a Igglybuff  que era o único Pokémon que não participava ativamente da batalha por ser o mais fraco de todos ali já que era um bebê.

A batalha foi ferrenha e cansativa, mas eles estavam em vantagem numérica, em poucos turnos o Zubat de Cassie havia sido derrotado, assim como o Mankey de Chadwick e o Ditto que copiava a sua aparência. Eles haviam derrotado os grunts da Equipe Rocket, eles estavam embasbacados, perplexos em terem perdido para três adolescentes com quase nenhuma experiência de batalha.

— Como?

— Vocês são fracos, oras — disse ele para os grunts. — Acha mesmo que a executiva mandaria vocês para me capturar assim tão facilmente?

— Ah, mas você não vai escapar tão fácil assim, mas não vai mesmo! — disse Cassie indo em investida em direção de Dante tentando prensar ele contra uma das árvores, Chadwick fez o mesmo indo em direção aos gêmeos.

— Tampem as orelhas — pediu Tomoki com seu Igglybuff nos braços jogando-o para cima, a fada esférica flutuou.

Dante então fez como a garota pediu e seu irmão fizera o mesmo, tapando as orelhas após recolher seus Pokémon. Ele sabia o que ela estava tramando, Igglybuff era nada mais do que uma pré-evolução do Jigglypuff, um Pokémon conhecido por botar outros para dormir através de suas canções.

— Seus idiotas, também tampem as ore-...

A fada flutuou no ar e antes que Langley, o cientista pudesse dizer algo, o pequenino Pokémon começou a cantar, o ar era preenchido por notas musicais e tudo parecia aquietar-se. Mesmo que escutasse abafadamente, a música de Igglybuff fazia seus músculos quererem relaxar, interagindo com seu sistema nervoso de maneira que a única resposta do adversário era cair no sono, já que seu instinto de fuga ou luta estava sendo minguado e apaziguado pela canção suave. Uma pena que Igglybuff não podia cantar para sempre, dado às cordas vocais em formação, mas aquela breve canção foi o suficiente para que os grunts caíssem no chão assim como o cientista, dormindo tranquilamente.

A fada parou de cantar e flutuou até Tomoki, sendo pega em seus braços.

— Isso foi esperto — disse Dante. — Escolheu um Pokémon muito bom. Os dois escolheram, eu estou orgulhoso de vocês.

— Mas acho que não temos tempo para receber lisonjas e elogios — disse Kousei. — Temos que escapar daqui.

— E você tem que nos dar explicações! — exclamou a garota de cabelos pretos.

Dante engoliu em seco e assentiu com a cabeça.

— Mas antes temos que prendê-los aqui para que não venham atrás de nós — disse ele. — O balão de ar quente deles deve estar perto, podemos pegar algumas cordas e amarrá-los às árvores e escapar usando o balão deles.

— Então vamos roubar eles? — perguntou Tomoki apreensiva.

— São ladrões de Pokémon — disse em resposta. — E eu já roubei deles antes, não seria a segunda vez. Ladrão que rouba ladrão, cem anos de perdão.




Tenma já havia viajado de avião e dirigível antes, mas nunca em um balão de ar quente. A vista de cima do balão era de tirar o fôlego, mas ele não poderia pensar nisso agora. Não quando o que permeava os seus pensamentos era que seu colega de viagem era mancomunado com uma organização vilanesca de algum modo.

Saber que Silver tinha algum envolvimento com a Equipe Rocket preocupava-o, ele sabia o quão atrozes eram os Rockets e o que eles eram capazes de fazer, talvez isso explicasse por que o ruivo havia roubado um Pokémon deles, mas também do próprio Professor Elm. Ele era um deles e ao mesmo tempo ele… ele não era, ele era diferente.

— Qual a sua relação com a Equipe Rocket? — perguntou o príncipe.

— Fui sequestrado por eles — explicou, sendo breve em sua fala. — Obrigado a treinar para me juntar a eles, mas eu fugi.

— Por que fugiu? — perguntou Masako.

— Quero destruir eles de vez — disse em resposta enquanto puxava uma corda do balão e fazia o queimador elevá-los mais no ar. — Acabar com o que eles pregam. Quero ser forte o suficiente para desmantelar a organização.

— Foi por isso que você roubou o Chikorita?

— E o Sneasel?

— Já disse que eu vou fazer ações das quais vocês não vão aprovar — ele respondeu apoiando-se na amurada do balão. — Sou um lixo humano, eu sei, mas eu quero ser diferente. Quero me vingar desses caras, quero acabar com eles. Quero…

— O que você quer?

— Quero saber onde está a minha mãe — disse para ele e sua gêmea. — Sei que eles devem estar envolvidos com o sumiço dela. Já faz três anos que não vejo ela… Eles devem ter ela em cativeiro em algum local…

Assim como Tenma e a irmã, Silver procurava por alguém que havia sido tomado dele. Não era uma mera vingança mesquinha, mas algo justificado. Três anos era muito tempo, ele havia sido mantido prisioneiro de um grupo criminoso que deveria ter se extinguido com sua queda pelas mãos daqueles treinadores anos atrás em Kanto, mas pareciam que aos poucos eles estavam se reerguendo das cinzas para agir de novo.

— Bem, você se propôs a nos ajudar a encontrar nosso irmão — disse Masako debruçando-se perto do garoto ruivo.

— E temos um acordo — ele acrescentou. — Se precisar nós vamos ajudá-lo a derrotar a Equipe Rocket junto se isso significa ajudá-lo a encontrar a sua mãe.

— Achei que iriam me julgar — ele disse para os gêmeos. — Ou me jogar desse balão.

— Ainda estou pensando nisso — comenta Tenma jocoso. — Mas eu não teria encontrado Vulpix se não fosse você e muito menos encontraria coragem para batalhar, eu nunca pensei que eu um dia batalharia com Pokémon antes ou sequer sairia fora dos muros da onde eu vivia e veria o mundo pelo que ele é.

— Nem eu — comenta Masako. — Eu quase fui pisoteada por um Rapidash e quase sequestrada pela Equipe Rocket, mas eu também pude conhecer Igglybuff e ver o quão divertido ter um Pokémon é. Não trocaria nenhuma dessas experiências por nada. Que bom que encontramos você.

O ruivo sorriu.

— Então, o que vamos fazer a seguir? — perguntou Masako.

— Cidade de Violet — respondeu o ruivo. — Precisamos de cuidar dos seus Pokémon e dos meus, de estocar suprimentos e eu preciso começar treinar para o ginásio da cidade.

— E quanto à polícia? 

— Eu meio que fiz uma coisinha depois que amarramos os três patetas na floresta — Silver sorriu malicioso e puxou de sua bolsa um tablet, o mesmo que o cientista maluco estava usando. — Fiz uma denúncia e me “entreguei”, digamos assim.

Você o quê?! — os gêmeos gritaram incrédulos.

— Ficou louco? — indagou Tenma. — Você pode ir para a cadeia!

— Mandei um e-mail para o Professor Elm e fiz uma denúncia para a Polícia de New Bark de que eu fui coagido por dois grunts da Equipe Rocket — respondeu o ruivo. — Inventei uma história dizendo que eles queriam que eu roubasse o laboratório e que estava obrigando a mim e dois jovens, no caso vocês, trabalhassem para eles, mas que nós lutamos contra eles e escapamos. Foi a minha melhor atuação, digna de um Togepi de Ouro.

— Você acha que eles vão acreditar nisso? — perguntou Masako.

— Eu não acreditaria — disse Tenma. — Não sem provas.

— Pois aqui estão as provas — ele exibiu as fotos dos três Rockets para os dois e também mostrara uma rota de viaturas pelo mapa das redondezas, além de arquivos onde constava uma foto de Silver. — Mandei para eles a localização dos três patetas e de quebra acho que consegui limpar meu nome e evitar que fossem meus cúmplices. Eles vão ser presos e interrogados, simplesmente só nos saímos bem nisso tudo.

— Surpreso com a sua capacidade — elogiou Tenma. — Mas e o balão? O que vamos fazer com ele?

— Essa coisa não tem tipo combustível? — indagou Masako. — Uma hora ele vai acabar.

— Podemos usar para viajar por curtas distâncias entre as cidades e rotas — disse Silver. — Não é como se aqueles três fossem dar falta de um balão. Quando o combustível acabar, nós desovamos ele em algum lugar.

— Hã… Se você diz — Tenma dá de ombros. — Mas quando pousarmos o balão onde deixamos ele?

— Em algum lugar mais afastado da rota — sugere Masako. — Era assim que esses caras fizeram, né?

— É uma boa — diz Silver. — Logo devemos estar em Violet, podemos deixar o balão nas proximidades e ninguém vai suspeitar.

— Ao menos isso encurta nossas viagens — diz Tenma. — Eu escalei a serra toda quando estava procurando um Pokémon para capturar, minhas pernas parecem gelatina.

— Eu também estou bastante cansada. — acrescentou Masako que se sentou no chão da cesta do balão. — Eu literalmente corri de um Rapidash furioso, se não fosse por Igglybuff eu estava ferrada.

— Me adicione à lista de quem está com as pernas molengas, por que eu também tô extremamente cansado de ter tido que correr atrás de vocês — diz também sentando-se no chão da cesta — Quando chegar em Violet eu quero tomar um banho bem longo e dormir até meio-dia do dia seguinte.

— Também — diz Tenma.

— Somos três.

— É, três — ele observou. — Somos uma tríade.

— Uma tríade — diz Masako — Esse poderia ser o nome do nosso grupo, não?

Ninkyō Triad — sugere Tenma. — Uma tríade cavalheiresca, sempre um ajudando o outro.

— O mais forte ajudando os mais fracos — comenta Silver que parecia um tanto satisfeito com aquele nome. — Mas ninkyō  não é um termo de máfia yakuza? Eles costumam se chamar de Ninkyō Dantai por conta do código de honra deles.

— Acabamos de roubar de um deles — ri a princesa. — Não deveríamos estar nos questionando se vamos roubar o termo deles.

— Verdade — ele gargalha.

— Então somos a Ninkyō Triad a partir de agora então? — pergunta Tenma.

— Sim — disseram os outros dois em uníssono, concordando.



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